Poeta do Povo homenageado hoje em Pedreiras

Em Pedreiras (MA), o cantor, compositor e poeta João do Vale será homenageado nesta segunda-feira (11), no dia em que comemoraria 88 anos. A programação realizada no Parque João do Vale terá apresentação de artistas da cidade, com oficinas de teatro, show musical e sarau poético, a partir das 18h.

A ideia é celebrar a rica obra musical de um dos maiores compositores brasileiro. O repertório será composto por releituras de sucessos, como Carcará, Na Asa do Vento, Peba na Pimenta, Pisa na Fulô e muito mais. Pela manhã e tarde, a atriz Jaqueline Lemos está comandando a oficina de teatro “Mente sã, corpo são”.

O Parque João do Vale é um centro cultural com diversas atrações. Possui um memorial em homenagem ao cantor, biblioteca, escola de música, 4 praças temáticas, brinquedos interativos, restaurante, auditório, academia ao ar livre, quadras esportivas e um Centro de Referência da Juventude do Médio Mearim.

Nascido na cidade de Pedreiras em 1933, João do Vale marcou a música popular brasileira através de suas composições e trajetória artística.

João do Vale teve um monumental álbum de estreia, O Poeta do Povo, lançado, em 1965, pela Philips. ” Aclamado, o disco foi consequência direta do estrondoso sucesso que consagrou o espetáculo Opinião. Idealizado na boemia do Zicartola (o antológico bar do não menos genial Cartola, que, aliás, hoje completaria 110 anos, e Dona Zica) por um rol de notáveis que incluía Zé Keti, Nara Leão, os dramaturgos Paulo Pontes, Armando Costa e Vianinha (autores do roteiro) e o diretor Augusto Boal, Opinião debutou em 11 de dezembro de 1964, encabeçado por João, Zé Kéti e Nara Leão, no teatro de arena do Shopping Copacabana (uma curiosidade irônica, a despeito da veia subversiva de Opinião, ambos espaços pertenciam ao senador Arnon Afonso de Farias Mello, golpista desavergonhado na guinada militar de 1964 e pai do ex-presidente Fernando Collor de Mello).

Lançado em 1965, a despeito de seu valor irretocável, O Poeta do Povo carrega o paradoxo de ter sido o único álbum solo de João do Vale. Na contracapa do LP, apesar de ele estampar o logo da Philips, selo nem sempre desrespeitoso com os artistas, músicos e arranjadores de seu elenco, a escassez usual do período, no tocante a informações sobre o registro, é pra lá de patente. Em meio às fotos PB e a tipografia inconfundível do mestre Ziraldo, todo o resto se resume a uma breve apresentação, escrita de próprio punho pelo artista, além da lista com as 12 faixas compiladas em cada um dos lados do disco.

A frustração com o despojamento da “embalagem”, no entanto, é logo superada com a audição dos verdadeiros tesouros nela escondidos. Canções representativas do lirismo combativo e da genialidade intuitiva de João do Vale. Estão em O Poeta do Povo, composições da dimensão de A Voz do PovoPeba na PimentaMinha HistóriaPisa na FulôFogo no Paraná, Pra Mim, Não (“dizem que acabou a escravidão / pra mim não!”) e Carcará – esta última, como sabemos, foi transformada em hino contra o terror da ditadura pelo jovem público do show Opinião, sobretudo depois que, debilitada, Nara Leão deu lugar a uma baiana debutante em palcos cariocas, a personalíssima Maria Bethânia, que imprimiu à Carcará sua mais enfática versão.”  Trecho extraído do Site Show Livre. (https://pauta.showlivre.com/quintessencia/o-lirismo-humanista-e-combativo-de-joao-do-vale-o-poeta-do-povo/)

Entre os grandes destaques da carreira de João do Vale, ele participou do show Opinião em 1964, considerado um dos espetáculos mais importantes na música popular brasileira. Dele participou ao lado de Zé Kéti e Nara Leão, tornando-se conhecido principalmente pelo sucesso de sua música Carcará, a mais marcante do espetáculo, que lançou Maria Bethânia como cantora.

Em 1982 gravou seu segundo disco, ao lado de Chico Buarque, que, no ano anterior, havia produzido o LP João do Vale convida, com participações de Nara Leão, Tom Jobim, Gonzaguinha e Zé Ramalho. Em 1994, Chico Buarque voltou a reverenciar o amigo, reunindo artistas para gravar o disco João Batista do Vale, prêmio Sharp de melhor disco regional.

João do Vale faleceu em São Luís no dia 06 de dezembro de 1996.

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DIÁRIO DE BORDO NO JP

Vanessa Serra é jornalista. Ludovicense, filha de rosarienses.

Bacharel em Comunicação Social – habilitação Jornalismo, UFMA; com pós-graduação em Jornalismo Cultural, UFMA.

Atua como colunista cultural, assessora de comunicação, produtora e DJ. Participa da cena cultural do Estado desde meados dos anos 90.

Publica o Diário de Bordo, todas as quintas-feiras, na página 03, JP Turismo – Jornal Pequeno.

É criadora do “Vinil & Poesia” que envolve a realização de feira, saraus e produção fonográfica, tendo lançado a coletânea maranhense em LP Vinil e Poesia – Volume 01, disponível nas plataformas digitais. Projeto original e inovador, vencedor do Prêmio Papete 2020.

Durante a pandemia, criou também o “Alvorada – Paisagens e Memórias Sonoras”, inspirado nas tradições dos folguedos populares e lembranças musicais afetivas. O programa em set 100% vinil, apresentado ao ar livre, acontece nas manhãs de domingo, com transmissões ao vivo pelas redes sociais e Rádio Timbira.

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