Bolo com poesia em “Afetivos da Alice”

Goiabada é Amor

Tudo começou quando Alice Nascimento, em meio a distância física por conta da pandemia, resolveu presentear amigos e familiares com bolos, a partir de uma receita de um pão de ló de origem portuguesa que herdou da família. Ela deu nomes poéticos a eles, e enviava cuidadosamente embalados numa caixa, decorados com flores secas, que ela mesma produzia; tudo artesanalmente.

Alice Nascimento

O primeiro deles, foi “Goiabada é amor”, que presenteou para sua avó, no aniversário de 90 anos, em julho do ano passado. Ao redor do bolo, ela criou uma ‘florestinha’ remetendo às memórias felizes que tiveram juntas no sítio da família no Maracanã, junto de uma carta afetiva. A partir daí surgiu “Afetivos da Alice”, bolos sob encomendas, que exprimem muito mais que o seu dote culinário, mas memórias, vivências, sabores, belezas e delicadezas encantadoras.

Entre eles estão: “Por Detrás da Neblina”, inspirado na magia infantil de atravessar a neblina e ver surgir Pastos Bons; “Estrada de Piçarra” com avelãs torradas e chocolate derretido; “Forno de Barro”, “Goiabada é Amor”, “Sol da Minha Cozinha” com quadradinhos de maracujá, “Trilho de Trem” com castanha do Pará; “Relicário” com glacê e limão; e “Cheiro de Terra Molhada”. É uma doce experiência afetiva! É um bolo com poesia que abraça! Para conhecer mais, acesse: @afetivosdaalice, no instagram.

Nas palavras de Alice:

“Em julho de 2020, quando nos encontramos imersos numa pandemia que ocasionou a distância física e assim a impossibilidade do abraço, voltei a fazer um pão de ló de origem portuguesa – receita da minha família – para continuar a abraçar com doçura amigos e familiares. Mas, dessa vez, fui adaptando o bolo de acordo com o gosto da pessoa presenteada e dando nomes poéticos a eles, porque faço isso em quase tudo! Por segurança, esses bolos seguiam em caixas e resolvi colocar neles as rosas que eu mesma estava secando para colorir e perfumar a minha morada.

O primeiro bolo foi o “Por Detrás da Neblina” que fiz para abraçar com doçura uma amiga que tinha acabado de ser presenteada, na segunda gestação, com dois novos amores.

No final de Julho do mesmo ano, no aniversário de 90 anos de minha avó, fiz um bolo que chamei carinhosamente de “Goiabada é Amor” e a presenteei. Ao redor dele coloquei uma “florestinha” (flores e folhagens que sequei) remetendo às memórias felizes nos sítios das nossas famílias no Maracanã. E fiz uma carta de escrita afetiva revelando as minhas melhores memórias com ela e o que ela representava em minha vida.

Foi então que comecei a ser procurada para intermediar doces abraços, entre memórias, arte e poesia! O nome Afetivos da Alice já existia, porque foi o nome que meus amigos do trabalho me presentearam, exatamente por mimá-los com doçura e delicadezas. O cardápio também já estava pronto. Foram os bolos construídos nessa trajetória, outros nasceram depois e ainda estão nascendo! Os nomes surgem de inspirações das minhas vivênciasminhas melhores memórias afetivas, sobretudo em Pastos Bons – terra natal do meu pai, lugar mágico que íamos sempre no período das férias; e no Maracanã, onde ele tem um sítio até hoje.

Sobre os nomes dos bolos de memórias afetivas:

1. Por Detrás da Neblina – inspirado na magia infantil de atravessar a neblina e ver surgir Pastos Bons. Sempre viajávamos na madrugada e sempre avistávamos a neblina como sinal de aviso: “chegamos”, e depois da neblina, a felicidade infantil!

2. Estrada de Piçarra – as melhores aventuras e viagens para Pastos Bons, e também a estrada que leva a minha família ao sítio Balseiro, no Maracanã… as avelãs torradas e o chocolate derretido remetem a ideia do trepidar de emoção e o pó do chocolate, a piçarra que pinta tudo que por ela passa.

3. Forno de Barro – barro, um dos elementos de trabalho do meu vô Antônio Almeida e minha tia Olinda e aquilo que remete a cor do chocolate. Inspirado ainda no Forno de Barro da casa de uma tia em Pastos Bons e nas memórias em volta daquele forno, como quando foi assado, pela primeira vez, um bolo de celebração de bodas para quase toda a cidade.

4. Goiabada é Amor – porque amo goiabada e, para mim, vinho do Porto com goiabada é amor. Sabores diferentes que se harmonizam! Inspiração dos recheios de um bolo da família!

5. Sol da Minha Cozinha – releitura dos “quadradinhos de maracujá” que minha mãe fazia, e ver nascer um Sol na minha cozinha, foi uma inspiração que nasceu de uma conversa com meu pai. Eu queria colocar pés de maracujás na minha cozinha e ele disse que não nasceria maracujá porque não tinha sol, e então nasceu o “Sol da Minha Cozinha”. Um olhar para meu bolo redondo pitado de amarelo.

6.Trilho de Trem – na época da construção da Estrada de Ferro, o meu pai sempre voltava com castanha do Pará, eram os mimos das viagens ao Carajás. Misturadas às castanhas, a sua sempre produção de bananas orgânicas e tanja, no sítio Balseiro – que aliás, para chegar lá se passa por uma estrada de Ferro. Bolo de banana sempre esteve em nossa família.

7. Relicário – a preciosidade das memórias que guardamos no coração como sabores que remetem às celebrações dos batizados, das bodas, dos casamentos… aqui moram as lembranças dos antigos bolos com glacê e limão.

8. Cheiro de Terra Molhada – desbravar terrenos alagadiços e desaguar no chocolate nativo de uma cultura ribeirinha. Inspiração de uma viagem em família a Ilha do Combu, e, o passear por memórias de infância em Pastos Bons depois da visita da chuva!

 Portanto, cada bolo, que leva o nome das minhas melhores memórias afetivas, segue com uma “florestinha” e acompanha ainda uma carta de escrita afetiva em que traduzo as memórias entre quem presenteia e quem recebe esse doce abraço… é muita mais do que trigo e manteiga! É uma doce experiência afetiva! É um bolo com poesia que abraça! “

 

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DIÁRIO DE BORDO NO JP

Vanessa Serra é jornalista. Ludovicense, filha de rosarienses.

Bacharel em Comunicação Social – habilitação Jornalismo, UFMA; com pós-graduação em Jornalismo Cultural, UFMA.

Atua como colunista cultural, assessora de comunicação, produtora e DJ. Participa da cena cultural do Estado desde meados dos anos 90.

Publica o Diário de Bordo, todas as quintas-feiras, na página 03, JP Turismo – Jornal Pequeno.

É criadora do “Vinil & Poesia” que envolve a realização de feira, saraus e produção fonográfica, tendo lançado a coletânea maranhense em LP Vinil e Poesia – Volume 01, disponível nas plataformas digitais. Projeto original e inovador, vencedor do Prêmio Papete 2020.

Durante a pandemia, criou também o “Alvorada – Paisagens e Memórias Sonoras”, inspirado nas tradições dos folguedos populares e lembranças musicais afetivas. O programa em set 100% vinil, apresentado ao ar livre, acontece nas manhãs de domingo, com transmissões ao vivo pelas redes sociais e Rádio Timbira.

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