Mestre Josias Sobrinho sobe ao palco do Talking Blues (Cohajap) neste domingo, 19, às 21h, iniciando sua temporada de shows neste São João 2022.
O título da apresentação é bem sugestivo “Josias e (Os) Sobrinhos” fazendo um trocadilho com o sobrenome espelha sua face múltipla de artista como cantor, compositor, produtor, poeta, de todas as prosas, versos, ritmos, gêneros e emoções.
A banda que o acompanha é formada pelos seus filhos e sobrinhos: Cassiano Sobrinho, Lucas Sobrinho, Eduardo Pinheiro, Marco Moraes e Ricardo Mendes. Certamente, será um momento ímpar para quem for apreciar este autor que vem construindo um dos mais belos capítulos da Música Popular Brasileira.
Sobre Mestre Josias Sobrinho, o multiartista Aziz Jr escreveu: “Dizem que um legado se constrói quando se vive o sétimo nível do processo evolutivo. É quando se consegue a conexão com nossa parte divina. Quando unimos a consciência ao nosso ser etéreo, nossa centelha divina. Acho esse conceito poético, bonito. A história ocidental com certeza não seria a mesma sem o rico legado cultural deixado pelos gregos. Todo o nosso ideário, nosso sentido estético está profundamente marcado pelo afinco que eles dedicaram a suas obras arquitetônicas, científicas e filosóficas.
Faço esta introdução para refletir sobre a obra e o LEGADO de um dos maiores artistas que conheço e que este ano o seu fazer artístico comemora as Bodas de Ouro. O criador de músicas que ajudou a construir todo um imaginário coletivo, que nos deu o sentimento de pertencimento, um dos grandes arquitetos da maranhensidade (termo da alcunha de outro gênio da música popular brasileira, Joãozinho Ribeiro). Refiro-me ao garoto franzino de Tramaúba, o criador de Engenho de Flores, Dente de Ouro, O Biltre, Terra de Noel, Catirina, Rosa Maria, Três Potes, e mais um cofo de grandes composições, o genial Josias Sobrinho. Suas músicas não só nos enchem de orgulho, nos dão sentido, nos fazem pertencer a algum lugar, nos revelam, nos contam. E é com esse jeito calmo, singelo, mas cheio de malícia que ele conquista a todos.
Jô, como carinhosamente gosto de chamá-lo, é uma de nossas pérolas mais valiosas, é a fonte onde muito de nós, pobres mortais, saciamos nossa sede. Sua vasta obra tem abrilhantado o cancioneiro nacional e ajudou a recolocar o Maranhão na geografia musical com uma música genialmente original e enraizada no que há de mais autêntico e mais puro no rico universo da cultura popular”. Como a efervescência de sua obra é contemporânea do período da ditadura, suas canções não poderiam deixar de lado a denúncia do drama social, através de uma crítica dura, apesar de seu jeito doce e delicado. Uma que expressa muito bem sua consciência política é Terra de Noel, quando ele diz: Não vou tirar meu chapéu p’ra qualquer vagabundo. Nasci na terra de Noel, sou cidadão do mundo… Tudo isto é expresso através de sua voz, igualmente doce e delicadamente desafinada, o que me faz lembrar de uma estória, contada por aí sem provas de veracidade, que nos dá conta de que um jornalista de nossa cidade, veneno escorrendo pela boca e na intenção de diminuir a obra do Josias falou que ele não cantava bem. A resposta genial do nosso homenageado veio de pronto e brotou através de Mandacaru Pedante, em verso que golpeia o imprudente de forma mortal: “…és um mandacaru, pedante triste sina, em uma cidadela onde a estupidez domina”.
Este é Josias Sobrinho, ou pelo menos como ele está em mim, e com certeza, em muitos de nós”.
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Acho, e não só eu, o Josias um dos mais autênticos compositores maranhenses que tive a honra de ouvir . Parabéns pelo seu belo e significativo trabalho. Um forte e caloroso abraço!