Festival de músicas indígenas do Centro Cultural Vale Maranhão traz para o Centro Histórico a cultura dos povos originários brasileiros
No Brasil vivem 305 povos indígenas que falam mais de 200 línguas. Conhecemos todas elas?
Sabemos algo sobre esses povos? E sobre suas músicas? O que ouvimos? As musicalidades
indígenas permanecem ignoradas desde os tempos da colônia no Brasil e embora haja
registros sonoros de pesquisadores desde o século passado, a maioria da população brasileira
desconhece as sonoridades dos povos originários com protagonismo indígena, sejam elas
tradicionais ou contemporâneas.
O Indigenas.BR – Festival de Músicas Indígenas, que será realizado pelo Centro Cultural Vale
Maranhão de 24 a 27 de agosto,, tem como principal objetivo minimizar parte dessa ausência,
criando espaços para grupos indígenas de diferentes partes do Brasil se apresentarem e
debaterem sobre questões que atravessam a vida desta população originária, como os direitos
indígenas, a demarcação de terras, o racismo e as violências institucionais e de diferentes
esferas que sofrem diariamente.
Em sua quarta edição, o festival traz em sua programação documentários, oficinas,
apresentações e rodas de conversas entre povos de diferentes regiões do Brasil. “O CCVM
reconhece a importância dos povos indígenas no apontamento de novas perspectivas para o
futuro. Por isso, contemplamos a atuação dos povos originários em toda nossa programação.
Dedicamos o mês de agosto, data mundialmente reconhecida pela resistência indígena, para
enfatizar essa importância. É um momento único de entrarmos em contato com o pensamento
dos povos originários e colocarmos em questão a percepção da situação atual brasileira”,
afirma Gabriel Gutierrez, diretor do Centro Cultural Vale Maranhão.
Casa da Memória e Casa das Mulheres
Um dos principais momentos do festival serão os dois encontros inéditos realizados entre
representantes de diferentes etnias. A Casa da Memória vai reunir a força e sabedoria de
mestres e lideranças espirituais como Atiã Pankararu (Pankararu-PE), Tolnyfowá (Fulni-ô-PE),
Catarina Tupi (Tupi-SP), Karangre (Xikrin-PA), D. Floriza (Kaiowá-MS) e Dirce Jorge (Kaingang-
SP), num encontro único com cantos e conversas sob a mediação de Idjahure Kadiwel.
A Casa das Mulheres será espaço para um encontro inédito de mulheres indígenas de
diferentes culturas e realidades, como a Cacique Majur, a primeira líder indígena do povo
Bororo a fazer transição de gênero; uma das fundadoras do #AcessibilidadeIndígena, a ativista
da educação inclusiva e educadora Siana Guajajara (MA); a cineasta Graciela Guarani, autora
de diversos filmes e séries; a cantora nandesy Roseli Jorge do povo Guarani Kaiowá, a
multiartista e arte educadora Djotana AKA Siba Carvalho (Puri); a estilista de moda Day Molina
ccv-ma.org.br
rua direita, 149, praia grande
65010-160 sãoluís, maranhão
t +55 983232 6363
e a comunicadora e atriz Isabela Santana,
responsável pela plataforma Visibilidade Indígena, com a mediação de Julie Dorrico
(Wapichana-RR).
Documentários inéditos de povos maranhenses
O audiovisual se fará presente no festival com a exibição de quatro documentários sobre
povos maranhenses: os Ka’apor, os Krikati, os Kanela e os Guajajara Tentehar. Os curta-
metragens Histórias e Cantos Indígenas Guajajara Tentehar – Aldeia Lagoa Quieta – Terra
Indígena Araribóia – Amarante (MA) e Histórias e Cantos Indígenas Kanela – Aldeia
Maçaranduba – Terra Indígena Caru – Alto Alegre do Pindaré (MA, com direção de Diego
Janatã e Djuena Tikuna foram produzidos e exibidos virtualmente na edição 2021 do festival e
terão sua primeira exibição presencial este ano.
Com direção de Carlos Magalhães, diretor da série “Sou índio, sou moderno” e consultoria de
Djuena TIkuna, os documentários inéditos Nós, os Ka’apor e Elas – As Mulheres Krikati farão
parte da Mostra Sons Indígenas do Maranhão. O primeiro mostrará a luta por território que
une o novo e o antigo no povo Ka’apor, através dos cantos e do toque ancestral e ritual da
flauta. O segundo apresenta o protagonismo e a força das guerreiras Krikati, com um canto
que ecoa pelo cerrado maranhense em uma noite de luar e fogueira.
Apresentações, oficinas e performances
Essa edição do festival busca criar fluxos de diferentes tradições trazendo para o pátio do
CCVM os Xikrin do Pará, os Kanela Apaniekrá e os recém-contatados Awa Guajá do Maranhão,
e os grupos Cafurnas Fulni-ô e Pankararu Nação Cultural, de Pernambuco, mostrando forte
presença indígena no Nordeste.
A música contemporânea indígena de diferentes gerações também estará presente com
Wakay (Fulkaxó), Nelson D, Djotana AKA Siba Carvalho (Puri) e uma performance inédita de
Ziel Karapotó.
Haverá também oficinas de flautas indígenas com Wakay (Fulkaxó), de polifonias vocais com os
Fulni-ô e de pintura corporal com as mulheres Xikrin e uma feira de artesanato.
Com curadoria de Renata Tupinambá, Gean Ramos Pankararu e Magda Pucci, toda
programação do festival é aberta ao público e gratuita. O Centro Cultural Vale Maranhão está
localizado na Rua Direita, nº 149, Centro Histórico.
PROGRAMAÇÃO COMPLETA
24 de agosto – quarta-feira
19h – Abertura com curadores
ccv-ma.org.br
rua Direita, 149, Praia Grande
65010-160 São Luís, Maranhão
t +55 983232 6363
19h15 – Exibição do documentário Histórias e
Cantos Indígenas Guajajara Tentehar – Aldeia Lagoa Quieta – Terra Indígena Araribóia –
Amarante (MA) – Direção: Diego Janatã e Djuena Tikuna – 2021
19h40 – Exibição do documentário Histórias e Cantos Indígenas Guajajara Tentehar – Aldeia
Maçaranduba – Terra Indígena Caru – Alto Alegre do Pindaré (MA) – Direção: Diego Janatã e
Djuena Tikuna – 2021
20h – Apresentação Kanela Apaniekra (MA)
25 de agosto – quinta-feira
17h – Oficina de flautas e toré com Wakay (Fulkaxó)
19h – Performance “Oca” Ziel Karapotó (Karapotó)
19h30 – Exibição dos documentários inéditos da Mostra Sons Indígenas do Maranhão, com
direção de Carlos Magalhães: Nós, os Ka’apor e Elas – As Mulheres Krikati
20h – Apresentação Wakay (Fulkaxó)
26 de agosto – sexta-feira
15h – Oficina Polifonias vocais com Cafurnas Fulni-ô (PE)
17h – Casa da Memória – Encontro com líderes espirituais, anciãos e anciãs de diferentes
povos: Atiã Pankararu (PE), Thulni Fowá (Fulni-ô-PE), Catarina Tupi Guarani (Tupi/SP),
Karangre Xikrin (PA), D. Floriza e Roseli (Guarani Kaiowá/MS) e Dirce Jorge (Kaingang).
Mediação: Idjahure Kadiwel.
19h – Apresentação Awá Guajá (MA)
20h – Apresentação Cafurnas Fulni-ô (PE)
27 de agosto – sábado
10h às 12h – Oficina de pintura corporal com Xikrin (PA)
14h às 16h – Casa das Mulheres – Roda de conversa com mulheres da moda, literatura, artes,
música, juventude, movimentos de resistência e questões ambientais.
Participação de: Cacique Majur Traitowu – primeira cacique trans do povo Boe-Bororo
(Bororo); Graciela Guarani – produtora cultural, diretora, roteirista e curadora (Guarani
Kaiowá); Roseli Concianza Jorge – líder espiritual e cantora nandesy (Kaiowá); Djotana AKA
Siba Carvalho – multiartista e arte educadora (Puri); Siana Leão Guajajara – ativista indígena e
pelos direitos das pessoas com deficiência (Guajajara); Nayara Guajajara – educadora
(MA); Day Molina – estilista e “artvista” indígena – fundadora do coletivo indígenas moda br
(Aymara e Fulni-ô); Isabela Santana – atriz e multiartista, co-fundadora do site Visibilidade
Indígena (Pataxó). Mediação de Julie Dorrico.
16h às 21h – Apresentações de:
Xikrin (PA);
Pankararu Nação Cultural (PE)
Djotana AKA Siba Carvalho (Puri) “+ synesthezk”
Nelson D
(Com informações da Assessoria)